A vitória de 2 a 0 sobre o Cruzeiro, a classificação histórica (e inédita) na Copa do Brasil, a cota de R$ 945 mil, a pressão para não vender o mando de campo e manter o jogo no Marizão… Tudo isso fez o presidente do Sousa, Aldeone Abrantes, soltar a voz logo depois da partida. Literalmente.
Cantando Caboclo Sonhador, música de Maciel Melo imortalizada nas vozes de intérpretes como Fagner e Flávio José, o dirigente do Sousa deu o seu recado ainda nos vestiários do Marizão. E citou Ariano Suassuna ao falar das raízes nordestinas.
– Fizemos buylling com o Cruzeiro. Duas vezes. Sou nordestino e, como dizia Ariano Suassuna, não troco o meu “oxente” pelo “ok” de ninguém. Nós somos caboclos sonhadores, como diz a música. Nós acreditamos e conseguimos – disse Aldeone, muito emocionado.
E não foi só isso. Aldeone Abrantes lutou bravamente para manter o jogo no Marizão, diante de seu torcedor. Precisou correr atrás de laudos, atender as exigências das autoridades de segurança. O local da partida chegou a estar “a definir” quando a CBF divulgou a tabela da Copa do Brasil. Foram dezenas de ofertas para vender o mando de campo, mas o presidente fincou posição de jogar em casa.
– Não podia fazer isso com o meu povo, com o torcedor que acompanha o Sousa em todos os momentos. Não era justo com a minha torcida, com os meus patrocinadores. Tinha muita gente dizendo que era louco, que devia aproveitar para vender o mando. Aqui é futebol raiz. Ganhando ou perdendo, jamais faria isso. Hoje a história mostrou que estava certo.
– Eu tenho um compromisso com o lado esportivo. Eu tinha que fazer o que aconteceu hoje aqui. Não era justo com a minha história o Sousa disputar seis vezes a Copa do Brasil e não passar de fase. Dinheiro não compra sonhos. (Aldeone Abrantes, presidente do Sousa)
O presidente se referia principalmente à oferta de R$ 600 mil para levar o jogo para Brasília. Ele não aceitou. Jogando no Marizão, onde o Sousa não perde há mais de um ano (agora são 17 jogos de invencibilidade), o time paraibano assombrou o país ao eliminar o maior campeão da Copa do Brasil. De quebra, embolsou mais R$ 945 mil de cotas da CBF. O que fez Aldeone Abrantes cobrar o pix do presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues.
– Faz o pix aí… Olha aí meu grande amigo Ednaldo Rodrigues, já estava com saudades do pix – disse, no vídeo compartilhado nas redes sociais do Sousa logo após a vitória.
– Eu tinha um sonho lá atrás, quando fundamos o Sousa Esporte Clube, em 1991, de jogar o Paraibano da 1ª divisão. Hoje eu tenho o sonho de construir o Centro de Treinamento do clube. E agora eu vou começar. Isso é sonho. O que adiantava eu receber R$ 600 mil (para vender o mando) e não ficar com a minha consciência tranquila? (Aldeone Abrantes)
Na próxima fase da Copa do Brasil, o Sousa enfrenta o vencedor de Petrolina e Cascavel. Independente do adversário, será mais uma vez jogo único e no Marizão. A partida deve acontecer no dia 6 de março. Vencendo, o Dinossauro vai embolsar mais R$ 2,2 milhões. Aldeone Abrantes evita fazer previsões, mas projeta um time ainda mais forte.
– O Sousa tá numa fase de crescimento. Pela primeira vez o Marizão não nos ajudou. Se não tivesse chovido tanto, talvez tivésmos uma vitória ainda maior sobre o Cruzeiro. O Sousa vai crescer muito no Campeonato Paraibano e na Copa do Brasil. Hoje estreamos dois jogadores. Vamos contratar pelo menos mais um. Nós vamos pra cima do próximo adversário para passar de fase mais uma vez – encerrou o presidente sousense.
Reproduzido do ge.globo.com
