Pesquisadores brasileiros descobriram inscrições em rochas em um sítio arqueológico no município de Sousa, na Paraíba. O mais surpreendente é que ao lado dessas gravações, chamadas de petróglifos, estavam pegadas de dinossauros – mostrando que a relação entre as pessoas e registros fósseis é muito mais antiga do que se pensava.
Os achados foram descritos em um artigo publicado no fim do mês passado na revista Scientific Reports. Os petróglifos estavam no sítio “Serrote do Letreiro”, nome dado devido à quantidade expressiva dessas artes rupestres, feitas entre 3 mil e 9 mil anos atrás. Dentre as inscrições, notam-se desenhos circulares com divisões em seu interior e imitações das pegadas de dinossauros.
Registros similares foram encontrados não só no município de Sousa e arredores, mas também em partes do Rio Grande do Norte e do Ceará, segundo Ghilardi.
O reconhecimento e observação desses registros fósseis por esses humanos fica evidente pelo local em que decidiram inscrever nas rochas. “Desde tempos remotos as pessoas interagem com os fósseis e, à sua maneira, encontram significados e explicações para eles”, relata Ghilardi.
Arte rupestre está em Sousa, já famosa pelas pegadas dos dinossauros
O município de Sousa é conhecido por abrigar uma área do Monumento Nacional do Vale dos Dinossauros, unidade de conservação que detém o mais extenso conjunto de pegadas de dinossauros do início do período Cretácio, há mais de 40 milhões de anos.
Em 2016, uma equipe liderada por Ghilardi descreveu um fóssil descoberto por um morador da região. Nomeado “Sousatitan”, o dinossauro foi identificado como um titanossauro e estima-se que ele tenha vivido 136 milhões de anos atrás – sendo o mais antigo do período Cretáceo encontrado no Brasil.
Segundo a pesquisadora, a descoberta das pegadas junto aos registros humanos mostra que a relação dos povos originários com os fósseis existia bem antes da chegada dos europeus. “Por essas e outras razões, os fósseis são considerados também como patrimônio cultural, porque ajudam a contar não só a história de seres muito antigos que viveram no nosso planeta, mas também a nossa própria história e nessa própria relação com o mundo natural”, finaliza Ghilardi.
*Por Revista Galileu